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Alterando ângulos

25/11/2021

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Eu tenho uma sensibilidade quase extraordinária ao tempo - talvez por isso, também, meus trabalhos não comerciais sempre foram ligados a ele. Todos os dias eu acordo com medo do tempo me engolir - engolir meu trabalho, minha sanidade. Acho que por isso, também, eu fotografo.

 

A foto é uma maneira de manter o tempo, de fazer lembrar o que foi bom - e também do que foi ruim. Um meio de lembrar o que vivemos, o que foi feito, o que ainda precisamos fazer. Benjamin e Sontag, em surtos de esclarecimentos, diziam: basta estar em uma fotografia para ser real. Basta ver para crer, que existe ou existiu, e que alguém presenciou, clicou, gravou.

 

Nem a história pode contra uma fotografia. E considerando ela o resultado de três verdades, compra o espectador aquela contada pelo olho de quem apertou o botão, ficando outras duas a mercê das interpretações.

 

E que interpretações são essas? Aquelas que não aparecem na fotografia e, ainda assim, existem. É a inexistência na existência, a resposta no silêncio. É o que também a fotografia se propõe a fazer: ela te diz “veja, isso existiu”, você prontamente imagina onde, quando e como.

 

Ou talvez não chegue a tanto, mas ela cumpre o papel.

 

Talvez nem passe pela sua cabeça a importância de quem apertou o botão. Homem, mulher, preto, branco, baixo, alto… Ou nenhuma dessas. Qual a diferença? Toda. A realidade que te apresentam é a primeira que você conhece. Estampada, escancarada, uma verdade que as vezes incomoda, traz sofrimento, revolta e questionamentos. Ela vem pulsando ou esmaecida, mas ela vem. De todas as verdades da fotografia, a maior é que ela vem e fica. Mais uma vez, a fotografia cumprindo seu papel.

 

Mas sobre o fotógrafo (ou a fotógrafa, como prefiro imaginar): qual a relação dela/e com a história? É te dar pistas para descobrir quem está contando a história e se você realmente irá comprá-la como foi apresentada. - qualquer semelhança não é mera coincidência.

 

Comece analisando a proximidade da/do fotógrafo/fa com o fotografado. Próximo ou distante? Parecem íntimos ou desconhecidos? Os olhos, procure por eles. Para onde olham? Encaram os que estão por trás da câmera? Desviam? Não esqueça que quem olha compra o desafio de acolher, conhecer, respeitar. Algo tão distante do ser humano que nem a câmera - um dispositivo mecânico, que não pensa, não sente, apenas faz - pôde derrubar.

 

Se a fotografia é o meio de tornarmos real o que existe, a forma como nos percebemos nela tem um valor humanizador. O olhar de quem fotografa, ao mesmo tempo em que ilumina algumas frações de segundo na história, tem o poder de corroborar com capítulos infelizes da humanidade. Nem tudo é uma questão de ponto de vista, mas quase tudo é uma questão de sobre qual ponto de vista estamos enxergando.

 

Então a fotografia, aquela primeira que você notou, esconde outra imagem e esta só pode ser vista com outros olhos. Para esses, nem colírio, nem remédios, nem fórmulas mágicas farão entender o que há para ser entendido. Há de se ter empatia, conhecimento e respeito para mudar o que se viu, o que existiu e o que te faz desacreditar. Quebrar uma soturna existência através da fotografia, acredite, não é um trabalho para se fazer só.

 

É preciso ver, saber, descrer e mudar.

Só assim criaremos outras realidades onde todes, como escreveu Grada Kilomba sobre a linguagem, “possamos nos encontrar na condição humana”.


Tags: fotografia historia filosofia sociologia antropologia fotografia e historia
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